Monday, August 16, 2010

O Fim - Parte I

Pois é, depois de conviver com o grupo por quase 25 anos, achando que estava entre companheiros de jornada, descobri que eram piores que inimigos: eram falsos amigos!
Os dois tópicos a seguir irão servir como catarse, pois após escrevê-los, não quero mais pensar nem falar a respeito da minha injusta e ridícula saída do Conjunto Melódico Norberto Baldauf.
Aconteceu há uns 3 anos.
Íamos tocar numa cidade do interior, o que nos levaria a viajar por umas cinco horas, no mínimo. Saímos no início da tarde de um dia chuvoso. Quando enxerguei o ônibus no qual faríamos a viagem, levei um susto! Era quase um monte de sucata, velho e sujo e naquele momento, tive certeza de que estávamos em decadência...
Subi e procurei um lugar, o interior fedia e quando fui por a mala no bagageiro, minha mão encontrou uma casca podre de banana, ali esquecida há muito! Começamos a viagem, após muita reclamação em uníssono, mas como não havia nada que pudesse ser feito para mudar a situação, seguimos adiante. Logo descobrimos que o veículo não tinha limpador de pára brisas, o que, praticamente, impedia o motorista de enxergar a estrada - a chuva estava forte. Pior foi descobrir, em seguida, que os freios não estavam funcionando perfeitamente!
A viagem durou horas porque não podíamos andar rápido devido ao mau funcionamento dos freios e todos estavam nervosos porque já deveríamos estar no clube, montando o equipamento - sem contar o medo e a ansiedade pela possibilidade de acontecer um acidente a qualquer momento.
Depois de muito estresse, conseguimos chegar ao nosso destino, bastante atrasados.
O baile foi um sucesso, apesar de tudo, e ficamos prontos para a volta ao raiar do dia.
Mas, em seguida, fomos obrigados a parar na beira da estrada, em frente a um bar perdido no nada, aguardando um mecânico para consertar os freios. Parecia que o ônibus iria desintegrar-se a qualquer momento (e nós, junto com ele). Cansaço, fome (o bar tinha 2 ou 3 opções intragáveis de alimentação), mais ansiedade, inclusive dos parentes que ligavam para saber o porquê da demora.
Horas mais tarde, após um conserto provisório naquela carcaça, continuamos, doidos para chegar em casa, tomar um banho, comer, enfim, sermos tratados como gente.
Quando estávamos perto do final da viagem, o trambolho estragou outra vez, era noite e ficamos estacionados, de novo, no meio do nada, podendo até sofrer um assalto. Passava o tempo e nada acontecia, todos estavam tão cansados que não conseguiam tomar uma atitude prática ou que resolvesse o problema.
Então, percebi que estávamos próximos ao Posto da Polícia Rodoviária onde meu irmão trabalhava. Liguei para ele, que já tinha conhecimento da catástrofe pela qual eu passava e, prontamente, veio me ajudar a sair dali. Quando o carro chegou para me apanhar, todos os meus colegas saltaram fora do ônibus querendo também uma carona - foi um corre-corre de malas e sacolas, desesperados porque a garagem onde deixaram seus carros iria fechar a qualquer momento e ficariam sem eles.
No carro, todo mundo reclamou do ônibus e da irresponsabilidade do motorista (ou seria mais correto, de quem o contratou?). Mas aliviados porque logo estariam dentro de seus automóveis, indo para o aconchego do lar, deixando aquela terrível experiência para trás.
Naquele momento, todos pareciam extremamente agradecidos a mim e a meu irmão, pela oportunidade de sair do meio da estrada a tempo. A não ser, os dois músicos que tiveram que ficar no ônibus, para tomar conta do equipamento.
Justamente, os dois que me crucificaram no dia seguinte. Casualidade ou vingança?

Saibam, em breve...

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